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Visita ao Pavilhão Multiusos de Gondomar

Pavilhão Multiusos de Gondomar
Pavilhão Multiusos de Gondomar
Pavilhão Multiusos de Gondomar
26-Jan-2008

GONDOMAR: VISITA GUIADA COM O ARQUITETO ANTÓNIO MOTA

Chegados a Gondomar pelo IC 29, quando saímos em direcção ao centro, o Pavilhão aparece ao lado direito. Imensa massa cor de tijolo onde sobressaem ao nível do chão pequenas portas de caixilharias banais. Mais à frente um painel de fundo azul confirma o Pavilhão Multiusos de Gondomar.

A visita realizou-se entre as 10.45h e as12.45h. Nela encontramos a resposta à pergunta que fazíamos no convite “De que modo é que Álvaro Siza abordou o tema (dos grandes contentores) e o levou até à construção, usando a mesma “arte” com que lida com o pequeno objecto e com programas ditos “mais nobres”.

O Pavilhão não usa materiais nobres, tecnologias sofisticadas ou soluções construtivas inovadoras. É na humildade demonstrada que se releva a grandeza do projecto. Siza usou chapa pintada e caixilhos de série, blocos acústicos aparentes, monopavimentos, rebocos projectados e é com esta matéria que articula o gesto livre mas consciente que unifica o projecto e que o interliga com o resto da sua obra. Para além do rigor conferido pela chapa no remate das soleiras ou nas guardas, há sempre uma que se solta, um rodapé pintado que descai, uma entrada de luz providencial que conferem ao espaço e a quem o usa a tensão, que torna impossível a indiferença.

Mas o primeiro embate tivê-mo-la na sala de treinos, onde o bloco acústico, com desenho feito de propósito para esta obra, confere uma uniformidade repetitiva que lhe empresta uma sensação de clausura reforçada pelas qualidades acústicas. A ausência de reverberação confunde a percepção da dimensão do espaço. Independentemente de ser boa ou não para a prática desportiva é sob ponto de vista formal um objecto notável.

Depois o corpo elíptico, o recinto principal, que impressiona pela dimensão e pelo domínio da escala. Dentro dele blocos: blocos de bancadas, blocos para a régie, blocos para os sanitários, pousados ou levantados do chão, suportados por pilares, que os soltam – blocos insólitos, que definem espaço sem o cortarem.

Depois desta oportunidade e das explicações calmas e precisas do arquiteto António Mota, resta-nos voltar a Gondomar para experimentar o espaço em pleno uso e para perceber a última razão da obra arquitetónica: a sua apropriação pelos utentes.